COMO EQUILIBRAR A LEITURA E A VIDA – CULTIVANDO NOSSOS JARDINS

Os perigos de levar a leitura longe demais realmente se resumem a isso: em algum momento, podemos pensar que sermos leitores assíduos pode nos poupar o trabalho de viver. De alguma forma, podemos achar que estamos acima de certas atividades e que nossas vidas deveriam ser um conto romântico de redenção após a adversidade. No entanto, muitas vezes, ainda nos encontramos com dor de dente às 3 da manhã. As ervas daninhas no quintal ainda vão crescer, e ainda temos que aprender a manejar uma vassoura quando a casa fica suja. As universidades podem ter nos ensinado a pensar, mas ainda não aprendemos que a vida é apenas uma coleção de trivialidades das quais não podemos escapar, e quanto mais tentamos escapar, mais amargos e cínicos nos tornamos. Quanto mais pensarmos que estamos acima do comum, mais solitários serão nossos sofrimentos.

O leitor ingênuo geralmente quer usar teorias e histórias para fugir da vida, mas depois de anos lutando com obras literárias difíceis, eles perceberão que essas páginas apenas os moveram mais fundo na vida. Eu até argumentaria que é assim que deveria ser. Se o estudo da literatura, história e filosofia não está gradualmente nos transformando em pessoas mais gentis, então estamos fazendo tudo errado. Se deixarmos o esnobismo tomar conta de nós e nos recusarmos a aceitar o comum, devemos começar do básico novamente.

Ligue para sua irmã que teve um dia ruim depois de reprovar em um exame. Aspire a casa. Ajude a senhora que está lutando com sua mala subir as escadas. Essas ações, por mais claras e simples que sejam, compõem o tecido de nossas vidas, e as ideias são sempre secundárias a elas. Porque no final das contas, embora o aprendizado possa ser uma busca nobre, ainda temos que aprender a ser decentes e cultivar nossos jardins, ou pelo menos aprender a manejar uma vassoura.

– Texto de autoria de RC Waldun, traduzido do inglês, em tradução livre

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